Coincidindo com a divulgação da acusação deduzida pelo Ministério Público contra três elementos do SEF imputando-lhes a prática de um homicídio bárbaro de um cidadão ucraniano, esta instituição publicitou uma operação policial que conduziu ao desmantelamento de um grupo que se dedicava à falsificação de passaportes, e anunciou a inauguração de novas e funcionais instalações no aeroporto Humberto Delgado.
Tratou-se de uma estratégia que, manifestamente, visou diluir o impacto da referida acusação. Com o mesmo propósito inscreve-se a análise que, de uma forma excessiva, pretende criar a ideia, com o medo que lhe é associado, de uma perigosa rede de emigração clandestina de Marrocos para Portugal.
Os factos ocorreram nas instalações do SEF do aeroporto Humberto Delgado e no exercício de funções daqueles.
O trabalho de Joana Gorjão Henriques, no Público, baseado no relatório da averiguação do IGAI sobre a morte do cidadão ucraniano Ihol Homenyuk, é demolidor, e o que foi apurado não pode limitar-se à instauração de processos disciplinares e às eventuais sanções que deles resultarem. O que aconteceu nas instalações do SEF no aeroporto Humberto Delgado só se compreende num caldo de cultura que permite tais práticas e que responsabiliza toda a instituição.
Neste assunto, o Governo não pode esconder-se atrás do biombo à justiça o que é da justiça.