domingo, 29 de novembro de 2020

Nada se passa?

Leio no Le Monde que les violences policières mettent Emmanuel Macron face à une crise politique. Em Portugal, ou não há violência policial, ou os políticos andam distraídos. Os textos que Fernanda Câncio e Valentina Marcelino têm vindo a publicar no DN (aqui e aqui) exigem uma responsabilidade política que as preocupações com a pandemia não podem escamotear.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Para que serve um SEF que tortura?

O SEF é uma estrutura policial que lida com pessoas particularmente fragilizadas: os imigrantes. O que se lhe exige é uma postura funcional que saiba ter em consideração essa especial condição humana. A comunicação social continua a dar conta, agora pelo DN, da sórdida atuação que levou à morte de um cidadão ucraniano nas instalações do SEF no aeroporto Humberto Delgado. O comportamento posterior da instituição e do Governo para com a família da vítima não pode suscitar senão indignação. Já aqui referi o caldo de cultura em que não pode deixar de se enquadrar aquela hedionda conduta criminal. Vale a pena continuar com um SEF assim?

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SEF

Coincidindo com a divulgação da acusação deduzida pelo Ministério Público contra três elementos do SEF imputando-lhes a prática de um homicídio bárbaro de um cidadão ucraniano, esta instituição publicitou uma operação policial que conduziu ao desmantelamento de um grupo que se dedicava à falsificação de passaportes, e anunciou a inauguração de novas e funcionais instalações no aeroporto Humberto Delgado.
Tratou-se de uma estratégia que, manifestamente, visou diluir o impacto da referida acusação. Com o mesmo propósito inscreve-se a análise que, de uma forma excessiva, pretende criar a ideia, com o medo que lhe é associado, de uma perigosa rede de emigração clandestina de Marrocos para Portugal.
Os factos ocorreram nas instalações do SEF do aeroporto Humberto Delgado e no exercício de funções daqueles.
O trabalho de Joana Gorjão Henriques, no Público, baseado no relatório da averiguação do IGAI sobre a morte do cidadão ucraniano Ihol Homenyuk, é demolidor, e o que foi apurado não pode limitar-se à instauração de processos disciplinares e às eventuais sanções que deles resultarem. O que aconteceu nas instalações do SEF no aeroporto Humberto Delgado só se compreende num caldo de cultura que permite tais práticas e que responsabiliza toda a instituição. 
Neste assunto, o Governo não pode esconder-se atrás do biombo à justiça o que é da justiça