quinta-feira, 31 de julho de 2014
A caução por miúdos
A caução é uma medida de coação; as medidas de coação só se aplicam a quem seja arguido. Ao contrário do que acontece nos filmes americanos, não substitui a obrigação de permanência na habitação nem a prisão preventiva. Na hierarquia legal das medidas de coação, surge a seguir ao termo de identidade e residência e antes da obrigação de apresentação periódica. Pode ser prestada por depósito, penhor, hipoteca, fiança bancária ou fiança. Se o arguido não a prestar, arrestam-se preventivamente os seus bens. A caução, presumo, deve ser a medida de coação que é menos aplicada. Para ser aplicada, não exige a detenção do arguido; nem esta nem qualquer outra.
Partilha da informação
Pelo que li nos jornais (vício antigo), a partilha da informação entre os órgãos de polícia criminal continua num impasse. Parece que o sistema instalado (ou devo falar em sistemas?) não satisfaz; mas não deve ser menos verdade que o entusiasmo de quem está obrigado a partilhar também não será grande.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Erros forenses
Muitos dos erros judiciários resultam dos erros cometidos nos laboratórios forenses. Por essa razão, tenho defendido não só um controlo eficaz dos procedimentos laboratoriais mas o exercício efetivo do contraditório neste âmbito. O que se passa com o FBI, relatado pelo The Washington Post, merece uma reflexão atenta.
terça-feira, 22 de julho de 2014
segunda-feira, 21 de julho de 2014
domingo, 20 de julho de 2014
Taxas de encarceração nos EUA
Fifty years after President Lyndon B. Johnson signed the 1964 Civil Rights Act into law, there still remains gaps between blacks and whites on many social and economic measures. Our Chart of the Week looks at one of them: the higher incarceration rates of black men compared with those of white men.
De leitura obrigatória aqui.
Sobre os Afro-Lusos, suscitei a questão aqui.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Pena de morte inconstitucional
O juiz federal Cormac J. Carney julgou inconstitucional a pena de morte na Califórnia. A crítica que faz ao sistema penitenciário que a administra é contundente.
Carney said the state’s death penalty has created long delays and uncertainty for inmates, most of whom will never be executed.
He noted that more than 900 people have been sentenced to death in California since 1978 but only 13 have been executed.
“For the rest, the dysfunctional administration of California’s death penalty system has resulted, and will continue to result, in an inordinate and unpredictable period of delay preceding their actual execution,” Carney wrote.
As férias judiciais
A justiça está de férias. Em 1 de setembro, saber-se-á como irá voltar ao trabalho. Ainda não estando de férias, foi-se adiando nos últimos meses, sem prazo à vista. Quando uma justiça se adia por causa de uma reforma, melhor fora ter-se adiado a reforma, reformando-a.
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Eurojust
Portugal sempre foi condignamente representado no Eurojust. Sou testemunha do prestígio funcional que o país aí ganhou. Foi o atual governo que criou um problema que não existia. Apenas por voragem política é que se pode compreender a atual situação, com manifesto prejuízo para a continuidade das tarefas que Portugal vinha desenvolvendo naquele organismo internacional. O que se deve esperar é que à competência venha a suceder, se possível, uma competência ainda maior.
Os informadores
No imaginário policial, os informadores sempre foram instrumentos de uma
função mágica: a prova aparecia como que caída
do céu. Era assim para os passadores de moeda falsa, para os traficantes de
escala intermédia, para os burlões em nome individual ou para os carteiristas
que perturbavam as manifestações religiosas. Segundo se dizia, era nas zonas
recônditas dos bares de alterne, ou em geografias similares, com troca de algum
favor insignificante, que eram recrutados. Era o tempo de uma criminalidade
coloquial, próxima e suficiente para sustentar o prestígio cinzento da justiça.
Os tempos mudaram e os bares de alterne também. A criminalidade sofisticada e
opaca que a globalização trouxe consigo, passou a exigir informadores de casaco
e gravata: recrutados em gabinetes e por decisão ética.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Segurança nacional
O BES é, já há algum tempo, uma questão de segurança nacional. Inexistindo uma política de recolha de informação paralela a uma política de investigação preventiva, o sentimento de impunidade está plenamente legitimado.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Os vícios
Os vícios públicos são bem mais inocentes do que os vícios privados; é o que hoje se torna evidente. O escrutínio democrático da vida pública foi levado ao inimaginável, ultrapassando, quantas vezes, todos os limites éticos. No escrutínio dos vícios privados há cautelas e caldos de galinha. Deve ser do medo sistémico; ou de outra razões tecnicamente obscuras.
sábado, 12 de julho de 2014
A generalização criminal
Sobre a banalização da constituição de arguido, disse-o aqui. Utilizá-la para atacar politicamente o Serviço Nacional de Saúde, denegrindo aqueles que nele trabalham, é uma estratégia inaceitável. A generalização criminal já foi utilizada contra outro grupo profissional com propósitos claramente políticos. A Justiça não pode ficar refém de um silêncio que, não explicando, pactua.
Depois da bola
Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão reunir-se, em 15 e 16 de julho, em Fortaleza e em Brasília, com o propósito de criarem um banco de desenvolvimento, para o qual terão, manifestamente, capital com uma escala para o mundo. O que pode avizinhar-se é uma nova ordem financeira. A austeridade ideológica, tão perigosa como a outra, afetou a nossa diplomacia. O que se passou com o funeral de Saramago, afastou-nos de um parceiro que, mesmo perdendo o mundial do futebol, já ganhou o mundial do mundo.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
O estado da arte
Disseram ao presidente alemão que tínhamos aprendido a lição; mas isso foi antes da aflição sistémica. A saída formal do resgate foi mais um momento para mascarar a história. O problema é que o dia de amanhã vai sempre corrigindo as inverdades, por mais artísticas que sejam.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Comentaristas
Somos de um país em que há mais comentaristas de terrorismo do que terroristas propriamente ditos; o que não acontece, porém, apenas nesta matéria.
domingo, 6 de julho de 2014
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