Um banqueiro ex ausentou-se para paradeiro incerto, com o alegado propósito de assim escapar ao cumprimento de uma pena de prisão. O país indignou-se, o que aliás não é difícil. A fuga é sempre uma possibilidade, mas, diga-se em abono da verdade, com grande probabilidade de insucesso. Num mundo global, fugir tornou-se penoso, mesmo para um banqueiro ex. Com processos que se arrastam durante anos, esta situação, ou idêntica, só não poderia verificar-se se não houvesse qualquer prazo para a prisão preventiva. O que importa averiguar não é a fuga mas o deambular dos processos. Perigosamente, a retórica contra as garantias volta ao espaço mediático.
terça-feira, 28 de setembro de 2021
Eleições
Abundam os analistas, escasseiam os políticos. Se houver conclusões a tirar destas eleições, esta será uma delas. Uma outra será a de que os apoios expressivos do General Eanes às candidaturas de Medina, em Lisboa, e de Machado, em Coimbra, não foram suficientes. Leio que as ciclovias poderiam ter prejudicado o incumbente de Lisboa. De facto, é possível que assim tivesse sido. Ainda não somos suficientemente ricos para nos sentirmos saturados de automóveis. O automóvel, esse ascensor social, continua a preencher o imaginário de uma parte significativa dos cidadãos. O ACP lá estará também a governar Lisboa. Em Vila Nova de Gaia, onde vivo, o PS ganhou com maioria absoluta. Além de uma louvável gestão nos mandatos anteriores, o Professor Eduardo Vítor Rodrigues beneficiou de não ter sido alvo da fama de potencial sucessor de António Costa. Claro que fiquei triste com a votação no PCP; mas já estou habituado. Estando naquela idade em que só se sabe votar por fidelidade, o que me resta esperar é, mais do que por outros rostos, por outras vozes.