terça-feira, 30 de março de 2021

Os nós do populismo judiciário

1.
No Jornal de Notícias, de 28 último, foi publicada uma entrevista com o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Desembargador Manuel Soares.
Com certeza por ser apelativa, o jornal chamou à primeira página a seguinte afirmação:
"Há pessoas que entraram pobres na política, saíram ricas e riem-se de nós*."
2.
Não sendo um nós majestático, há na declaração um abuso manifesto do nós plebeu.
Ainda que sendo poder, não tem o voto, democraticamente expresso nas urnas, para representar a vontade do nós.
Ainda que sendo poder, não lhe foi outorgada procuração que lhe permita substituir-se à vontade do nós.
A pluralidade do nós não é judiciária, é política.
A ideia de um poder judicial morolmente redentor é perigosa, como a história o demonstra.

*Negrito da minha responsabilidade