segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Desperdício

Durante anos, e até à passagem do Diário da República e do Diário da Assembleia da República à versão apenas eletrónica, juízes e procuradores tinham direito à sua assinatura gratuita. Primeiro, dobrados e cintados com tiras de papel, depois, acomodados em invólucros plastificados, recebiam-nos, pelo correio, geralmente nos locais de trabalho. Alguns juízes e procuradores assinavam todas as Séries, acumulando quilos de papel, não sei se de informação. Um dia, entrando num gabinete que me tinha sido atribuído para realizar um serviço, encontrei-o com as paredes forradas de Diários da República e da Assembleia da República por desenfardar. Seriam alguns milhares, sem exagero. Surpreendido, quis saber a razão de tanto papel da Imprensa Nacional, parecendo ali abandonado. A explicação era simples. O magistrado que ocupara aquele gabinete por largos anos, tinha, havia um tempo, mudado de comarca, e ainda não lhe tinha dado destino.