A ciência
na luta contra o crime – Potencialidades e Limites integra um
conjunto de textos, de qualidade díspar, sobre uma matéria que a ficção,
nomeadamente a televisiva, transformou numa espécie de magia. Aliás, é curioso
constatar que esse halo perpassa por todo o livro, desculpando a ciência pelos
insucessos e culpando, pelos mesmos, a inépcia dos mágicos.
A ciência sempre trouxe à investigação criminal
novas técnicas e novos procedimentos, tal como hoje o continua a fazer. Porém,
o que hoje releva é a sofisticação dos meios e, por via disso, uma excessiva
expectativa.
Em que medida o recurso aos meios científicos tem
permitido um maior e melhor esclarecimento dos homicídios e dos seus autores?
Qual tem sido o seu contributo para a decisão judicial? Quantitativa e
qualitativamente é significativo o número de homicídios por esclarecer.
Afastados aqueles casos em que há uma motivação óbvia e próxima, permitindo uma
rápida investigação, muitos dos outros diluem-se no tempo.
Seria importante estudar, caso a caso, as razões dos
insucessos, as insuficiências da investigação e da ciência. Há uma manifesta
falta de reflexão no âmbito da investigação criminal. Não basta arrumar uns
números e alardear alguns êxitos. É também uma questão de ciência, ainda que
social.