quarta-feira, 31 de julho de 2013

Crime e ciência

A ciência na luta contra o crime – Potencialidades e Limites integra um conjunto de textos, de qualidade díspar, sobre uma matéria que a ficção, nomeadamente a televisiva, transformou numa espécie de magia. Aliás, é curioso constatar que esse halo perpassa por todo o livro, desculpando a ciência pelos insucessos e culpando, pelos mesmos, a inépcia dos mágicos.
A ciência sempre trouxe à investigação criminal novas técnicas e novos procedimentos, tal como hoje o continua a fazer. Porém, o que hoje releva é a sofisticação dos meios e, por via disso, uma excessiva expectativa.
Em que medida o recurso aos meios científicos tem permitido um maior e melhor esclarecimento dos homicídios e dos seus autores? Qual tem sido o seu contributo para a decisão judicial? Quantitativa e qualitativamente é significativo o número de homicídios por esclarecer. Afastados aqueles casos em que há uma motivação óbvia e próxima, permitindo uma rápida investigação, muitos dos outros diluem-se no tempo.
Seria importante estudar, caso a caso, as razões dos insucessos, as insuficiências da investigação e da ciência. Há uma manifesta falta de reflexão no âmbito da investigação criminal. Não basta arrumar uns números e alardear alguns êxitos. É também uma questão de ciência, ainda que social.