No imaginário policial, os informadores sempre foram instrumentos de uma
função mágica: a prova aparecia como que caída
do céu. Era assim para os passadores de moeda falsa, para os traficantes de
escala intermédia, para os burlões em nome individual ou para os carteiristas
que perturbavam as manifestações religiosas. Segundo se dizia, era nas zonas
recônditas dos bares de alterne, ou em geografias similares, com troca de algum
favor insignificante, que eram recrutados. Era o tempo de uma criminalidade
coloquial, próxima e suficiente para sustentar o prestígio cinzento da justiça.
Os tempos mudaram e os bares de alterne também. A criminalidade sofisticada e
opaca que a globalização trouxe consigo, passou a exigir informadores de casaco
e gravata: recrutados em gabinetes e por decisão ética.