quinta-feira, 17 de julho de 2014

Os informadores

No imaginário policial, os informadores sempre foram instrumentos de uma função mágica: a prova aparecia como que caída do céu. Era assim para os passadores de moeda falsa, para os traficantes de escala intermédia, para os burlões em nome individual ou para os carteiristas que perturbavam as manifestações religiosas. Segundo se dizia, era nas zonas recônditas dos bares de alterne, ou em geografias similares, com troca de algum favor insignificante, que eram recrutados. Era o tempo de uma criminalidade coloquial, próxima e suficiente para sustentar o prestígio cinzento da justiça. Os tempos mudaram e os bares de alterne também. A criminalidade sofisticada e opaca que a globalização trouxe consigo, passou a exigir informadores de casaco e gravata: recrutados em gabinetes e por decisão ética.