Numa crónica deliciosa de Fialho de Almeida, A Boa-Hora Cómica, destaco esta passagem:
“O cego do átrio viera subindo também, pela mão de uma rapariguita esguedelhada.
- O senhor escrivão Carvalho, meu senhor?
- Não conheço, meu amigo. E vossemecê que vem fazer aqui?
- Saiba Vossa Senhoria que sou testemunha.
- Testemunha… testemunha ocular?
- Assim, assim…”
Vem isto a propósito dos testemunhos oculares e do seu valor em caso de identificação.
Estudos recentes têm demonstrado que é fácil, voluntária ou involuntariamente, induzir recordações, criando falsas memórias.
“False memories are constructed by combining actual memories with the content of suggestions received from others. During the process, individuals may forget the source of the information. This is a classic example of source confusion, in which the content and the source become dissociated.”
É o que escreveu a Professora Elizabeth F. Loftus no trabalho intitulado Creating False Memories e que merece uma leitura atenta por quem investiga, acusa, defende ou julga.