Esta tem sido uma das campanhas mais esclarecedoras dos últimos 20 anos, talvez por navegarmos numa crise global de que não há memória vivida. A clarificação está feita, mesmo que uns tantos comentaristas vociferem que não.
Sabemos quem quer pôr mais crise em cima da crise, sabemos quem quer fazer da crise um pretexto para praticar novas velhas engenharias sociais, sabemos quem quer ultrapassar a crise sem abdicar de princípios constitucionais em que a solidariedade social se revê.
O facto dos media, nomeadamente as televisões, privilegiarem a anedota, ou distorcerem a opinião, ou cultivarem a ignorância, criam, sem dúvida, uma teia de dificuldades ao esclarecimento. O que se espera, no entanto, é que a perceção da realidade seja superior à verdade da mentira.
terça-feira, 31 de maio de 2011
Uma justiça de bom senso
Durante anos, muitos, discutiu-se sobre a legitimidade para o exercício do direito de queixa no crime de dano. Para uns, que se foram afirmando como maioria, os proprietários; para outros, também aqueles que tinham o uso do bem, ainda que não proprietários. O acórdão para fixação de jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça, de 21 de Abril, e hoje publicado no Diário da República, reconduz o direito à realidade. Relatado pelo Conselheiro Henriques Gaspar, transcreve-se a conclusão:
«No crime de dano, previsto e punido no artigo 212.º, n.º 1, do Código Penal, é ofendido, tendo legitimidade para apresentar queixa, nos termos do artigo 113.º, n.º 1, do mesmo diploma, o proprietário da coisa ‘destruída no todo ou em parte, danificada, desfigurada ou inutilizada’, e quem, estando por título legítimo no gozo da coisa, for afectado no seu direito de uso e fruição.»
«No crime de dano, previsto e punido no artigo 212.º, n.º 1, do Código Penal, é ofendido, tendo legitimidade para apresentar queixa, nos termos do artigo 113.º, n.º 1, do mesmo diploma, o proprietário da coisa ‘destruída no todo ou em parte, danificada, desfigurada ou inutilizada’, e quem, estando por título legítimo no gozo da coisa, for afectado no seu direito de uso e fruição.»
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Uma excelente notícia, com certeza
A propósito da inexistência de medidas relativas à corrupção no protocolo assinado com a troika, escreve o Embaixador Seixas da Costa:
“Com isto, não estou a afirmar que a corrupção não exista, em Portugal, e que não seja importante encontrar fórmulas mais eficazes para lhe fazer frente, nomeadamente no campo da aplicação da justiça. Estou apenas a dizer que, por via indireta, a comunidade internacional atesta que o nosso país dispõe já do arsenal legislativo adequado para a combater. E isto é uma excelente notícia.”
“Com isto, não estou a afirmar que a corrupção não exista, em Portugal, e que não seja importante encontrar fórmulas mais eficazes para lhe fazer frente, nomeadamente no campo da aplicação da justiça. Estou apenas a dizer que, por via indireta, a comunidade internacional atesta que o nosso país dispõe já do arsenal legislativo adequado para a combater. E isto é uma excelente notícia.”
Representação e ideologia
A deterioração deontológica dos media na representação do crime não é ideologicamente neutra. Cauciona políticas repressivas e estigmatizantes. Que a justiça, ela própria, vá ao encontro dessa representação, é que não pode deixar de ser preocupante.
sábado, 28 de maio de 2011
Subscrevo
"Enquanto o poder judicial continuar a “pingar” suspeitos para os jornais e para as televisões, cuja culpabilidade em grande número de casos não é depois capaz de provar, continuaremos a surgir nos rankings internacionais sobre corrupção - baseados nas percepções dos portugueses formadas a partir das notícias publicadas nos meios de comunicação social – como pertencendo ao grupo dos países mais corruptos.
A política e o futebol são em Portugal os maiores fornecedores dessas estatísticas. Ao menos, a alimentar jornais a nossa justiça não é lenta."
Estrela Serrano
A política e o futebol são em Portugal os maiores fornecedores dessas estatísticas. Ao menos, a alimentar jornais a nossa justiça não é lenta."
Estrela Serrano
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Outros saberes
Ontem, o Simas Santos e eu estivemos a divagar sobre a justiça, maleitas e perspetivas, com alunos de mestrado em Sociologia da Universidade do Minho. O interesse foi manifesto e seria bom que alguns viessem a encontrar na justiça um campo de trabalho.
Vale a pena repeti-lo: a realidade judiciária é demasiado expressiva para poder ser contida no discurso redundante de juízes e procuradores. A abertura da justiça a outros saberes tem tido a sua retórica, falta-lhe ainda a sua história.
Vale a pena repeti-lo: a realidade judiciária é demasiado expressiva para poder ser contida no discurso redundante de juízes e procuradores. A abertura da justiça a outros saberes tem tido a sua retórica, falta-lhe ainda a sua história.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Segurança, identidade, tecnologia
Para quem se interessa por estes temas, o site do Prof. Benoît Dupont é fundamental.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Cautelas subservientes
Fico indignado com as cautelas subservientes dos entrevistadores ou das ditas sempre que têm pela frente algum afamado dirigente futebolístico.
domingo, 22 de maio de 2011
Domingo à tarde
O Dr. Paulo Portas não quer ser o pau de cabeleira de um qualquer futuro governo. É uma pretensão legítima. Sabendo que está a um passo de uma votação histórica, dar passos atrás seria reconhecer uma derrota. A política tem destas coisas: o CDS/PP a driblar pelo centro e não pela raia que lhe seria natural.
Manhã de domingo
Estive a rever o debate. A questão de facto não é a de saber quem foi o vencedor ou o vencido. Ou se houve empate. Tornou-se nítido, nesta revisão, que o que importa é saber o que se quer: se a esquerda a enfrentar a crise, se a direita a servir-se da crise. Os votos o dirão.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Não são favas contadas
A associação desnaturada que levou às eleições não perspetivou o futuro, complicou o presente. À crise global dos dinheiros acrescentou-lhe a crise paroquial da política. Não clarificou, desatinou. Não estimulou, traiu. É essa responsabilidade que não pode deixar de pesar no voto de cada um.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A água do Público
No Público, na página 26, que é uma página que fica à esquerda, e no seu canto esquerdo, ao fundo, lá vinha a notícia:
“A quebra no consumo de bens duradouros no mercado europeu levou a venda de automóveis ligeiros a tombar 4,1 por cento entre os 27 da União Europeia (UE) no último mês, face ao mesmo período do ano passado. Mas não só: o aumento do desemprego e as dificuldades de acesso ao crédito também ajudaram à quebra nas vendas em Abril para pouco mais de um milhão de veículos. Só em 1995 o número de carros vendidos ficou abaixo deste patamar.”
Não valia a pena escondê-la assim tanto para que continuem a vender a ilusão de que a crise é apenas quase nossa.
“A quebra no consumo de bens duradouros no mercado europeu levou a venda de automóveis ligeiros a tombar 4,1 por cento entre os 27 da União Europeia (UE) no último mês, face ao mesmo período do ano passado. Mas não só: o aumento do desemprego e as dificuldades de acesso ao crédito também ajudaram à quebra nas vendas em Abril para pouco mais de um milhão de veículos. Só em 1995 o número de carros vendidos ficou abaixo deste patamar.”
Não valia a pena escondê-la assim tanto para que continuem a vender a ilusão de que a crise é apenas quase nossa.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Arquétipos
Não deixa de surpreender que sob uma retórica de esquerda se oculte um arquétipo de direita. É esse o registo da Dra. Maria José Morgado ao declarar que “a melhor prevenção da corrupção é a repressão”. Da corrupção? E dos crimes outros? Talvez fosse mais didático ter declarado, tout court, “a melhor prevenção criminal é a repressão”. Mas não seria a mesma coisa...
domingo, 15 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Os primórdios da derrota
Há um discurso que cansa e as sondagens dão disso prova. Quando se faz da política um ruído e da mentira uma alcavala, não se podem esperar grandes resultados. O que se devia julgar em sobriedade, perdeu-se em indignidade.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Pina, Manuel António
Garanto que não meti nenhuma cunha para que o poeta Manuel António Pina ganhasse o Prémio Camões 2011.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Sem causas
O Dr. Eduardo Catroga tornou irrelevante o discurso político. À falta de causas, enveredou pela ignomínia. Não é tribuno quem quer nem jardineiro quem não gosta de plantas.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Uma justiça outra
Não é possível governar a justiça contra os seus atores, mas não será melhor deixá-la governar-se pelos seus protagonistas. Os casos que arrepiam as consciências tornaram-se banalidades. Há uma fragilidade moral na justiça que lhe inviabiliza o futuro. Digo-o sem constrangimento, afirmo-o nos factos e não no direito. Em tempo de eleições, é manifesta a incapacidade política para que, com radicalidade, se afirme uma justiça outra.
domingo, 8 de maio de 2011
Aforismos
A Casa da Suplicação permite-nos conhecer, em versão aforística, o melhor da jurisprudência que o Supremo Tribunal de Justiça produz no âmbito penal. Não esperava, porém, encontrar um acórdão que possibilitasse o seu resumo em LXX aforismos. É um verdadeiro curso de direito (e processo) penal.
sábado, 7 de maio de 2011
A dimensão patriótica do discurso
É assim mesmo. Ou nós, ou eles. Parecendo uma determinação, apenas pretende esconder uma incomodidade. O xeque-mate ao eleitorado costuma ser uma estratégia fatal.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Escutas, por partes VII
O que aqui se descreve, não é apenas um problema do jornalismo ou de jornalistas. É uma questão da justiça que precisa de solução urgente.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A crise, a dos mensageiros
Não há ajudas externas para os mensageiros. A sua crise é a da credibilidade. Não noticiam, palpitam. Não comentam, desdenham. Erram na gramática e na deontologia. Ninguém os quer matar, são eles que se suicidam.
terça-feira, 3 de maio de 2011
segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
Paciência santa
Nem com uma santa paciência é possível aturar o comentarista professor, em versão compungida, a debitar palpites sobre a beatificação de João Paulo II.
Ignorância ou brincadeira
O Dr. Eduardo Catroga, ou não sabe para que servem os tribunais, ou quer brincar aos tribunais. Ignorância ou brincadeira, a verdade é que o discurso da credibilidade é cada vez mais o ruído da instabilidade.
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