quinta-feira, 25 de abril de 2013

Leituras


Se toda a comunidade tivesse os mesmos interesses, de tal maneira que o interesse de todas e de cada uma das suas partes fossem de tal modo afectados pela acção do governo que as leis que oprimissem ou empobrecessem uma parte oprimissem e empobrecessem necessariamente todas as outras – ou o inverso -, então o direito de sufrágio, por si só, seria totalmente suficiente para contrariar a tendência do governo para a opressão e abuso dos seus poderes; e, é claro, formaria, por si só, um governo constitucional perfeito. Se, por hipótese, o interesse de todos fosse o mesmo, em tudo quanto diz respeito à acção do governo, todos teriam interesses semelhantes quanto às leis que deveriam ser feitas, e como deveriam ser executadas. Cessaria toda a discussão e luta quanto a quem deveria ser eleito para fazê-las e executá-las. A única questão seria quem seria mais apto; quem seria mais avisado e mais capaz de compreender o interesse comum de todos. Decidido isso, a eleição teria lugar calmamente e sem discórdia partidária, dado que nenhuma parte poderia promover o seu próprio interesse peculiar sem consideração pelo resto, elegendo um candidato favorito.
Mas não é esse o caso.
(pags. 89/90)