sábado, 1 de setembro de 2012

O Faneca

Conheci o Faneca há cerca de 35 anos. Em processos tutelares. Aos 16 anos, iniciou o seu roteiro de prisões, por tudo e por nada. Se desaparecia uma galinha ou uma bicicleta, o Faneca confessava e sorria. Queria ir ao mar, ser pescador, mas não conseguia a matrícula por que não tinha a quarta classe. Ontem, nas Caxinas, reencontrei o Faneca. Sem uma perna e sem dentes, mas com o mesmo sorriso de quem apenas sabe confessar. Esmolava, que é hoje a sua fonte de sobrevivência. Tanto tempo depois, descubro que uma esmola, pelo menos para o Faneca, é mais importante do que todo o direito.