domingo, 16 de dezembro de 2012
O fim
Há um
direito à verdade do fim? Ontem, li,
de Simone de Beauvoir, A Cerimónia do Adeus.
Um livro comovente sobre os últimos anos de Sartre. Hoje, vi, de Michael Haneke, Amor.
Uma ficção contida sobre os últimos dias de uma professora de música. Creio
que, a partir de um determinado momento, sobrevivemos agarrados a uma ilusão.
Os direitos diluem-se com a diluição do corpo. Ou, quem sabe, com a fuga do
espírito. O que interessa, então, são as obrigações dos outros. A obrigação de quem nos mente ou de quem nos sufoca. Simone
de Beauvoir não deixa de a equacionar ao terminar o livro: “Há uma pergunta que, na realidade, não fiz a mim mesma e que o leitor
talvez se faça: não devia eu ter prevenido Sartre da iminência da sua morte?”