quinta-feira, 28 de julho de 2011
O corregedor
Era alto, encorpado, e tinha uma voz a condizer. Conheci-o quando exerci funções na minha primeira comarca. Ali se deslocava, uma ou duas vezes por mês, para presidir ao tribunal coletivo. Tinha a autoridade que o Estado de então lhe emprestava. Para os funcionários, dia de coletivo era dia de apertarem os colarinhos e não trazerem a gravata descaída. As audiências, marcadas para as 9 horas e 30 minutos, começavam a essa hora. Era a essa hora que, imperial, entrava na sala. Num dia de Verão em que o julgamento concitou muito público, mandou evacuar a sala por causa do cheiro de que estava empestada, sem deixar de aconselhar os presentes a tomarem banho. Muitos anos passados, já jubilado, vi-o, em romaria, dirigir-se para um comício eleitoral do CDS.