sábado, 12 de janeiro de 2013

Leituras

"Curioso. este juiz de círculo, que mesmo assim se atreve a objectar que desse modo ficamos sem saber que raio é que ele viu que o tenha levado a matá-la nessa altura. «Esta é uma objecção comum à acusação e à defesa. O delegado diz que ele arquitectou o plano, teria lógica, a defesa diz que ele surpreendeu o adultério, também teria a sua lógica. Mas que lógica é que haveria para uma decisão momentânea se ele não a apanhou em flagrante?»
Mas o Sequeira vem em seu auxílio.
- Ó doutor Veríssimo, quero lá saber do Ministério Público e do defensor, nós é que decidimos e pronto. De qualquer modo sempre teríamos de decidir o que se passou no local e no momento do crime. Podemos decidir que discutiram, ou que ele se assustou com qualquer coisa, ou mesmo que viu um homem a fugir, sei lá, o que melhor nos parecer, ou lhe parecer a si, que é quem vai redigir o acórdão.
- Isso também não bem assim, tem de ser uma versão plausível.
- Em todo o caso uma versão, já que não estávamos lá para ver. A partir daqui qualquer coisa serve."

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