quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Leituras



“O instante do crime é uma estreita passagem onde a justiça não entra. Opera-se a metamorfose de todas as coisas, a culpa é reduzida a uma estranheza absoluta em relação ao móbil. O labirinto arrasta a culpa e as personagens que pretendem dar-lhe autenticidade. Seia anos depois do crime, o que se vai julgar é um parentesco cego com o espírito da enfermidade que toma a forma da existência e produz os acontecimentos. Já não podia haver uma definição psicológica sem uma opção moral naquelas circunstâncias. O próprio entraçado dos factos se tinha desatado e o que restava era uma decisão anódina que modelava as coisas, em atraso com a visão e a forma real delas mesmas.”

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