Os heréticos condenados eram levados para um estrado
de madeira, erguido cerca de um metro acima do solo, e amarrados a um poste por
uma pesada corrente; os feixes de lenha eram então empilhados à sua volta até
uma altura que escondesse parcialmente os membros dos olhos dos espectadores. O
mayor gritava «Pega fogo à lenha!» e
«Fiat justitia!» («Faça-se justiça!»),
e o carrasco, depois de ver de que lado soprava o vento, chegava o archote aos
feixes. Há numerosas xilogravuras do processo, em algumas das quais se vê a
igreja de St Bartholomew por detrás da fogueira acesa em Smithfield. Há sempre
uma grande multidão a assistir. Por vezes, o devoto povo tem de ser contido por
soldados a cavalo e guardas apeados armados de alabardas. Ergue-se um palanque
para os «nobres» que desejem testemunhar o interessante acontecimento. Outras
pessoas vêem, das janelas, como o corpo do condenado, carbonizado e derretido
pelas chamas, tomba para a frente, preso pela corrente. Nunca se sabia ao certo,
porém, quando seria o grande momento; um herético demorou quarenta e cinco
minutos a morrer, e John Foxe conta que «quando tinha o braço esquerdo a arder
e carbonizado, tocou-lhe com a mão direita, e o braço separou-se-lhe do corpo,
e ele continuou a rezar até ao fim, sem gemer».
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