Quando comecei a assinar ofícios, era delegado do
procurador da República, interino, todos terminavam com essa expressão que se
manteve durante décadas: A Bem da Nação. Com a irreverência própria da idade e
a crença de que a revolução também passava por aí, disse ao funcionário que
trabalhava comigo que, no futuro, só assinaria ofícios em que a saudação final
fosse A bem da Nação. Respondeu-me, em pânico, O senhor doutor não sabe
no que se mete. Não o demovi dessa convicção e, assim, continuei com
o bê maiúsculo e a má consciência de que estava a pactuar com o fascismo.