sábado, 26 de dezembro de 2009
Os passos em volta da Justiça
No próximo ano, os passos em volta da Justiça não serão muito diferentes. Nem será muito diferente o discurso exaltado de uns tantos e o silêncio subserviente de tantos outros. Os temas serão os mesmos e, talvez pior, os protagonistas também. Mudou o ministro da Justiça, mas não mudaram os seus interlocutores.
Não sendo altas as expectativas, seria bom que nos esperassem algumas surpresas.
A corrupção, incluindo a das retóricas, permanecerá, e o segredo de justiça e a sua violação serão incontornáveis. Fazem parte desse caldo de cultura que só a ética e a prevenção conseguirão resolver. A morosidade, atávica e transversal às diversas jurisdições, vai continuar a ser um valor em alta. Poderia merecer uma intervenção esclarecida, mas o conceito de gestão não será fácil de introduzir na opacidade do sistema. A justiça na hora ou a cobrança eficiente dos créditos não deixarão de ser uma miragem. A palavra escrita continuará a valer mais do que a oralidade da palavra. Escrever muito e ouvir pouco parece ser a pedagogia de juízes e procuradores.
O Governo cederá às tentações de sempre. O Código de Processo Penal será mais uma vez esquartejado e o agravamento das penas terá a notoriedade das primeiras páginas. Entretanto, a eficácia policial continuará a medir-se pelo número de comunicados emitidos. O mapa judiciário avançará sem ilusões e esperemos que a informatização judiciária não se atrase em sobressaltos. O ano próximo não se afigura promissor para a justiça, minúscula e desacreditada.
A justiça nunca se governará contra os seus agentes. Mas é verdade também que ninguém a governará se os seus agentes não aceitarem a legitimidade da governação. O que parece ser o nó do problema. Seria a surpresa, a boa surpresa, se o Dr. Alberto Martins conseguisse desatar este nó. A degradação real da justiça não consente a continuação do impasse.
Em livro recente (“Recado a Penélope”, Editora Sextante, 2009), Cunha Rodrigues faz uma análise serena sobre uma justiça triste. Apesar de ser a mais actual e a melhor reflexão sobre o que ela é e o que deveria ser, passou, manifestamente, ao lado dos discursos oficiais e oficiosos.
A justiça sempre conviveu mal com o imediato e com o mediatismo, mas essa será uma realidade a que não conseguirá escapar.
Tanto resiste à reforma como à reflexão no conservadorismo que lhe é peculiar.
Não virá aí um tempo de mudanças, talvez de remendos. O contexto económico e o pretexto político vão nesse sentido. Sem encargos e com alguns dividendos, a alteração do período das férias judiciais terá o sinal indelével do diálogo. Do bom ou do mau diálogo, é o que ficaremos sem saber.
Publicado em PROSPECT 2100, revista do Diário Económico
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
ADNs
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Arrogância
Ciclicamente, figuras gradas do Ministério Público, ou tidas como tal, disparam na direcção dos políticos, repassando o discurso da escassez dos meios legais e materiais. Não sei se concertadas, não sei se obedecendo a idênticos propósitos, a verdade é que, aos olhos do comum dos cidadãos, tais disparos apenas vinculam o Ministério Público a uma imagem de arrogância que não consegue disfarçar uma pública e publicada incompetência.
Não temos, em Portugal, análises confiáveis que permitam grandes reflexões sobre o crime, os seus protagonistas, as leis, os impactes destas sobre aquele ou sobre aqueles, as investigações, os julgamentos, ou seja, sobre a justiça penal entendida na multiplicidade das suas etapas. O que se vai dizendo, mais não são do que palpites, impressões, e, por vezes, óbvios disparates. O Ministério Público nunca avançou, no âmbito das suas competências, para essas análises, nunca soube, no mínimo, avaliar o seu próprio trabalho.
Por isso mesmo, seria expectável que figuras gradas do Ministério Público, ou tidas como tal, fossem criteriosamente mais didácticas nas suas intervenções e menos compulsivas nas suas conclusões. Há um caminho que o Ministério Público tem de fazer caminhando, mas parece que há quem prefira o imobilismo da retórica.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Da peita à corrupção
Peitar era o verbo e conjugava-se caso a caso.
Quando o caso passou a fenómeno, o que ocorreu com a crescente complexidade das economias e com a afirmação ética das democracias, passámos a ter a corrupção na retórica do quotidiano.
A resposta legislativa foi rápida, gerou consensos e justificou políticas e políticos.
Da corrupção para acto lícito à corrupção para acto lícito, do desporto ao comércio, tudo parece ter sido previsto.
A verdade, porém, é que há a percepção de que pouco parece ter sido prevenido e, muito menos ainda, sancionado.
É no confronto com a realidade que o propósito político mostra a sua insuficiência.
A justiça encontra-se condicionada ao acaso de cada caso, sem uma estratégia global que vai de uma eficaz capacidade preventiva à detecção e desarticulação das condições que favorecem a corrupção.
O Ministério Público, por culpas próprias e alheias, não conseguiu preencher o vazio criado com a extinção da Alta Autoridade contra a Corrupção.
É assim que estamos há muitos anos e passados que são muitos protagonistas.
Como o tenho defendido repetidamente, a questão não é de meios mas de direcção, organização e articulação.
Integrando-se a corrupção nesse mundo complexo do crime económico, a ela não podem ficar indiferentes as várias instâncias de controlo da actividade económica e financeira.
Como escreveram Jean-Luc Bacher e Nicolas Queloz, “on sait que la menace de sanctions informelles semble avoir plus d`effet sur certains délinquants économiques potentiels que les sanctions strictement pénales.” (1)
Um combate sério e eficaz à corrupção é um combate ao fenómeno nas suas múltiplas perspectivas.
É esse o caminho que está por andar.
(1) Traité de sécurité intérieur, 2007, pag.233
domingo, 6 de dezembro de 2009
A discreta eficiência da GNR
A GNR, em poucos anos, tornou-se um parceiro decisivo na investigação criminal. Aliando a uma crescente qualificação técnica uma coesão funcional invejável, o trabalho que tem vindo a desenvolver não pode deixar de merecer o reconhecimento social. Com uma implantação em todo o território nacional, a sua actividade é amplamente diversificada, tanto na investigação dos ilícitos mais comuns como na dos crimes mais sofisticados e complexos. Sem parangonas, sem compromissos doentios com a comunicação social, é um exemplo de exigência ética numa área em que há tanta falta dela.
sábado, 28 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Lixo Outro
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Manta de retalhos
Tirado d`Aqui
domingo, 8 de novembro de 2009
Ironias...
Afinal quem esteve a ser escutado foi o Primeiro-Ministro e não o Presidente da República.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
Estória
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Tá-lhe no sangue
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Avaliação
terça-feira, 20 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Penas de morte
Comme les années précédentes, les cinq pays ayant exécuté le plus grand nombre de prisonniers en 2008 étaient la Chine, l’Iran, l’Arabie saoudite, le Pakistan et les États-Unis (Fig. 1). Ces cinq pays ont totalisé 93 pour cent de toutes les exécutions recensées en 2008. Ils constituent les principaux écueils sur la voie de l’abolition universelle de la peine de mort.
sábado, 17 de outubro de 2009
Conclusões
Primeira: Homens de pouca fé.
Segunda: Foi pena que o objectivo prioritário não tivesse sido discutido na campanha eleitoral.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Bernardino Machado
Minority Report
Preventivos, sempre
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Prescrições
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Branqueamento de capitais
Historicamente, na sua fase inicial, os mecanismos de luta contra o branqueamento de capitais não estão associados à criminalidade organizada nas suas diversas vertentes mas apenas naquilo que dizia respeito ao tráfico de estupefacientes.
A partir dos anos 70, o tráfico mundial passou a gerar e a movimentar massas monetárias de tal modo significativas que não podiam ser facilmente geridas e, muito menos, geridas com a discrição necessária a diluir a sua origem criminosa.
A Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, adoptada em Viena, em 20 de Dezembro de 1988, é o primeiro instrumento internacional a abordar a questão do branqueamento.
Por sua vez, em Estrasburgo, em 8 de Novembro de 1990, o Conselho da Europa adopta uma Convenção sobre o branqueamento e a confiscação dos produtos dos crimes.
Em 1993, Portugal vai ao encontro destas preocupações criando legislação específica com o intuito de combater o branqueamento na área do tráfico de estupefacientes.
A evolução dos acontecimentos, com o reconhecimento de que o calcanhar de Aquiles das organizações criminosas reside na necessidade de fazer circular, de um modo oculto, os seus lucros, conduz à afirmação de que o combate ao branqueamento é um elemento primordial na prevenção e na investigação da actividade delituosa de tais organizações, seja qual for o tipo de ilícitos a que se dedique.
Em 17 de Junho de 1997, no âmbito da União Europeia, o Conselho aprovou um plano de acção de luta contra a criminalidade organizada em que se reconhece que este tipo de criminalidade investe num número crescente e diversificado de actividades ilícitas com um elevado potencial na obtenção de lucros.
Por outro lado, e esse é um aspecto que não pode deixar de ser considerado, o glamour, a insinuação social que envolve muitos dos agentes criminosos que desenvolvem estas actividades, tornam particularmente difíceis as investigações com as técnicas policiais clássicas.
Não podemos esquecer que é comum ao tráfico de estupefacientes, ao tráfico de armas, ao tráfico de seres humanos, à fraude fiscal, à corrupção, ao rapto, ou ao lenocínio.
Este pequeno trajecto histórico pretende apenas salientar a importância crescente do branqueamento num curto período de tempo e da importância crescente do combate ao branqueamento como determinante do combate a todos os outros crimes que lhe são periféricos.
E é neste curto período de tempo que também surge a percepção que o branqueamento não serve apenas para escamotear os lucros, pode também servir para financiar actividades ilícitas: o terrorismo é o paradigma.
Mas esta é matéria específica que, com certeza, valerá a pena apreciar num outro momento.
Em 2003, e à semelhança do que vai surgindo noutros países, é criada na Polícia Judiciária uma Unidade de Informação Financeira com competência para recolher, centralizar, tratar e difundir, a nível nacional, a informação respeitante à investigação dos crimes de branqueamento de capitais e dos crimes tributários graves, e, no plano internacional, com competência para a cooperação com as unidades de informação financeira ou estruturas congéneres.
Espera-se, também à semelhança do que acontece com as congéneres estrangeiras, que venha a ser adicionada ao acervo das competências descritas a respeitante ao financiamento do terrorismo, que ainda não se encontra vertida na lei mas é actualmente uma directiva internacional. (1)
Esta Unidade integra um Grupo Permanente de Ligação constituído por elementos da Direcção Geral dos Impostos e da Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo.
…
O desempenho da Unidade de Informação Financeira foi avaliada internacionalmente, há pouco tempo, e o resultado considerado muito positivo.
Como a da Bélgica, a estrutura portuguesa apresentou índices de qualidade organizativa e funcional que tornaram desnecessários acompanhamentos posteriores de rectificação.
Vale a pena destacar que a integração na UIF, para além do branqueamento, da evasão fiscal, ao contrário do que acontece em muitos outros países, é um acréscimo muito positivo e considerada a sua relevância nas instâncias internacionais.
Para que uma Unidade de Informação Financeira possa atingir os seus objectivos, torna-se necessário que as instituições de crédito, as sociedades financeiras, as sociedades gestoras de fundos de pensões, as empresas seguradoras do ramo Vida, cumpram os procedimentos estabelecidos para prevenir a possibilidade de práticas de branqueamento.
Na 1ª Conferência Internacional sobre Crime Financeiro, realizada em Lyon, França, em Outubro de 2002, estabeleceu-se que a “a parceria entre as autoridades e os operadores financeiros é um elemento vital de uma prevenção estratégica global, mas tal parceria exige um contínuo e recíproco aprofundamento.”
É nesta linha de orientação que se realiza este encontro.
Acreditamos firmemente que o êxito do funcionamento de uma Unidade de Informação Financeira com as características daquela que existe em Portugal depende de uma estreita e leal cooperação das entidades financeiras.
Como acreditamos que a cooperação é útil a essas mesmas entidades, é factor da sua credibilidade institucional.
Não poderá esquecer-se que essa colaboração não pode afectar a confiança que as instituições financeiras devem aos seus clientes e que, por isso mesmo, nem sempre aquela é fácil.
Mas a existência de regras claras nos procedimentos e o seu cumprimento escrupuloso é o melhor caminho para que possa existir um adequado equilíbrio de interesses.
Ainda que não estando no âmbito deste encontro, gostaria de referir, ainda que brevemente, outros meios que permitem, de um modo fácil e quase oculto, proceder ao branqueamento de dinheiros de proveniência ilícita: os casinos, as lotarias e as transacções imobiliárias.
Não são mecanismos de fácil controlo.
…
A recolha e a gestão da informação na área do branqueamento não são uma retórica nem, muito menos, uma demagogia.
Precisamos de compreender que é uma ferramenta essencial à prevenção e que poderá dar um contributo decisivo à investigação.
Num momento em que tanto se fala, no âmbito da política criminal, nas prioridades dos fins, é importante também reflectir sobre as prioridades dos meios para atingir esses fins.
…
Partes de uma discursata feita há dois anos
(1) A questão foi ultrapassada com posterior legislação
Prescrições
A prescrição do procedimento criminal nos EUA, ao contrário do que acontece em Portugal, não é um esquecimento forçado.
Em Portugal, num eventual caso de abuso sexual cometido em 1977, há muito que estaria declarado prescrito o respectivo procedimento.
Nos EUA, não haverá prescrição enquanto a ofendida estiver viva.
É a reparação mínima que se lhe pode fazer: a de que o Estado a não esquece não esquecendo o crime de que foi vítima.
Pena de morte
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Línguas
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Uma declaração que não é fácil nem leviana
Marinho Pinto, I
Criminalizing everyone
The Washington Times
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
5 de Outubro de 1968
Diário, Mário Sacramento
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Na mesma
Para ler aqui.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Alimentos, precisam-se
sábado, 12 de setembro de 2009
A corrupção ou as sombras dela
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Às armas
The New York Times
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Para um tempo e um modo da justiça
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
O Cego de Landim
Camilo Castelo Branco
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Ética e investigação
A história que vier a fazer-se da investigação criminal, em Portugal, nas últimas décadas, encontrará um número significativo desses jogos. Erros processuais grosseiros, estratégias de investigação sem coordenação entre os diversos intervenientes, fugas sistemáticas de informação que parecem querer condicionar o desenvolvimento futuro das diligências, estarão lá, nessa história, sem que, infelizmente, já nada dela aproveitemos.
O que escrevi, não é novidade. Creio mesmo que reunirá algum consenso entre aqueles que habitualmente analisam estas questões. O que surpreende é que, sabendo-se tudo isso, não tenha havido as alterações estruturais que se justificariam. Ao longo dos anos da democracia, a investigação criminal tem-se mantido igual a si mesma, sem sobressaltos, seja nas suas poucas virtudes, seja nos seus múltiplos vícios. Uns e outros, à direita e à esquerda, têm preferido o imobilismo e as suas degradantes e degradadas consequências.
Neste contexto, não será ousado dizer que se criou um caldo de cultura que possibilita, facilmente, a criação de casos em que, mais do que a descoberta de factos, estão em causa desígnios que não cabem na investigação criminal. As corporações tomaram-lhe o gosto, ensaiando aí o seu poder, mas sem terem a noção de que será também aí que perderão a sua causa.
Os danos causados ao Estado de Direito têm sido incomensuráveis. Onde não há credibilidade, não há eficácia. A eficácia traduz a correcção dos procedimentos, a transparência dos propósitos e a sensatez das conclusões. Uma investigação sem credibilidade está inquinada definitivamente, seja qual for a aparência dos seus resultados. Nenhum cidadão gostaria de ser alvo de uma investigação assim. É o que presumo.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Os interrogatórios
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Uma pequenina luz
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indeflectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha
domingo, 9 de agosto de 2009
Museu BERNARDINO MACHADO
Vale a pena visitá-lo, em Vila Nova de Famalicão. Estive lá um dia destes, o que foi um excelente começo de férias.
Barómetro eleitoral
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Contingências
Envelhecemos
An Aging World: 2008
Torturas
The Economist
Ainda são muitos
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Escutas
Mesmo assim, segundo o Ministério da Justiça francês, será o país com menos intercepções em comparação com os seus vizinhos: quinze vezes menos do que em Itália, doze vezes menos do que na Holanda, e três vezes menos do que na Alemanha.
Em Portugal, parece não haver escutas mas ruídos.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Prudências jurídicas
"Aquele que, introduzindo-se na cama de uma mulher casada e, fazendo-se passar pelo marido, e aproveitando a sonolência, consegue com ela manter cópula, por se não aperceber do logro, comete o crime de violação por meio de fraude, previsto no artº 393º do Código Penal." Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 31 de Maio de 1961 (BMJ, 107, 426)
O tal presidente
Sim, mas não só. O Jorge Sampaio cortou relações comigo por causa de uma piada no Herman 98. Tinha sido preso um guarda-costas dele com um quilo de heroína e eu disse que nessa semana tinha passado mais droga pelo casal Sampaio do que pelo Casal Ventoso. Nunca mais me perdoaram, deixei de existir para eles. Quando digo que vivemos num regime medieval é por causa disso. Não está a ver o Obama a meter alguém num índex por causa de uma piada destas!
(Entrevista do Herman José ao I)
domingo, 26 de julho de 2009
Novas Fronteiras
Nestes 3 anos critiquei ferozmente o PS em várias circunstâncias, escreveu o Miguel Vale de Almeida. Agora é candidato a deputado elegível do Partido Socialista. A Ana Maria Gomes passou 4 anos a insultar, politicamente falando, J Sócrates. Abichou, nas calmas, um calmo estatuto de deputada europeia. Deve ser o que está a dar. Talvez por isso ouço por aí tanta gente a criticar ou insultar, politicamente falando, J Sócrates. Devem ser candidatos a candidatos de qualquer coisa do Partido Socialista.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Vergonhas
O Campus da Justiça, em Lisboa, foi inaugurado ontem. Com pouca pompa e sem circunstância. Uns tantos juízes assinaram um papel a protestar e não estiveram presentes. Aposto singelo contra dobrado que já se encontravam em férias. O Ministro da Justiça desvalorizou invocando os outros quase trezentos magistrados que não assinaram qualquer papel. A verdade, porém, é que estes últimos também não estiveram presentes. Aposto, singelo contra dobrado, que 85% desses trezentos também já estariam em férias. O Campus da Justiça é um belo espaço e que melhorou substancialmente as condições do trabalho judicial. Não merecia esta inauguração envergonhada. Mas este é o sinal dos tempos: o entusiasmo deu lugar ao recato.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Arquivamentos precipitados
Quando o Ministério Público determinou o arquivamento do inquérito respeitante ao desaparecimento da criança inglesa numa praia do Algarve, escrevi um pequeno texto no Diário Económico considerando precipitado, pelas razões que apontava, tal arquivamento.
Surgiram as reacções idiotas do género, “o tipo não sabe nada de investigação”, “o tipo quer é tirar o tapete ao novo director da Polícia Judiciária”, “em qualquer altura, se necessário, reabre-se o inquérito”, vindas de quem esperava que viessem, mas também vindas dessa figura politicamente difusa que se dá pelo nome de Jorge Sampaio.
Continuo a pensar o mesmo, exactamente pelas dificuldades jurídicas em reabrir um inquérito, por mais deficiências que uma investigação possa ter tido.
Os crimes complexos e não esclarecidos não podem ser levianamente lançados para debaixo do tapete, tapete que aqui tem uma função significante sem qualquer insinuação subjacente.
Vem isto à baila a propósito do arquivamento do inquérito visando o autarca Mesquita Machado.
Depois de arquivado, depois de se ter concluído que a investigação foi uma desgraça, apesar disso, não há volta a dar-lhe.
É óbvio que a instauração de um “inquérito autónomo” é outro romance.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Viagens
Ontem estive em Resende. A última vez que lá tinha estado foi em 1994. O tribunal é o mesmo. Sendo o mesmo, pareceu-me diferente. Bem conservado e limpo, o que não é habitual. Na área da conservatória e do cartório notarial, existe agora uma Loja do Cidadão que a Maria Manuel inaugurou em Maio último. Com direito a placa, com certeza. Em Lamego, confidenciei a um conhecido que era pena que o tribunal local não estivesse assim. A resposta que obtive, não sei se de respeito ou de despeito, foi esta: em Resende a Câmara é socialista.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
Albano Cunha
Outro que morreu antes: o Albano Cunha. Em Madrid, onde fora integrado numa excursão; e de colapso súbito, dizem os jornais. Telefonei, agora mesmo, para casa dele: o corpo chega às 16h à Portagem. É tudo o que fazemos: vamo-nos enterrando uns aos outros, como se acompanhássemos a Nação a Alcácer Quibir.
Era um homem respeitado pela sua firmeza, senão dureza. Fizera-se a si mesmo: empregado comercial, estudos nocturnos, aluno voluntário, etc. Quem lhe poderia exprobrar a dureza, assim? Mesmo na cadeia, ganhava a sua vida compilando os acórdãos do Supremo, que publicava em fascículos, para uso da classe. A fim de o fazer, recordo-me de que, numa ocasião em que fomos «comensais» em Caxias, ele escolhera ir para a «sala especial», o que nem todos aceitaram de boamente.
Ficou célebre um episódio das suas paragens pelos salazaretos: tendo-se suicidado dias antes um preso, atirando-se por uma janela do 3º andar da António Maria Cardoso (só mais tarde, devido a vários casos desses, os caixilhos passaram a ser «em papeleiras»), o pidesco que o interrogava disse-lhe:
- Se não quer responder, o melhor caminho que tem é fazer o mesmo que o outro, para seu descanso...
E apontou-lhe a vidraça escancarada. O Albano, que tinha um vozeirão, soltou-lhe uma gargalhada sarcástica, que repercutiu por toda a casa... Era, assim, coerente com a mentalidade «coimbrã» da linha dura, ou seja, dos que supõem que o fundamental é manifestar uma subjectividade monolítica. Quando fiz, no Ateneu de Coimbra, o meu colóquio sobre Raul Brandão, foi dos que «reagiram», sem êxito já se vê. ELE tinha esse direito, porém.
Passou pela pena maior e pelas medidas de segurança - a «promoção» que sempre evitei... Tinha pouca clientela como advogado, parece, mas as publicações jurídicas davam-lhe para viver com relativo desafogo. Por demais, não tinha filhos.
O seu megafone vai fazer falta nas Constituintes! É negro o humor que assim assinala que algo de mim morre com ele também - e com todos os outros. Mas não é essa a cor do luto?
sábado, 16 de maio de 2009
Fragilidades 3
Nos últimos dois dias, figuras gradas do Ministério Público, ou tidas como tal, começaram a disparar, forte e feio, no Governo, voltando à recorrente escassez dos meios legais e materiais. Não sei se concertadas, não sei se obedecendo a idênticos propósitos, a verdade é que, aos olhos do comum dos cidadãos, vincularam o Ministério Público, mais uma vez, a uma imagem arrogante que não consegue disfarçar uma pública e publicada incompetência.
Não temos, em Portugal, análises confiáveis que permitam grandes reflexões sobre o crime, os seus protagonistas, as leis, os impactes destas sobre aquele ou sobre aqueles, as investigações, os julgamentos, ou seja, sobre a justiça penal entendida na multiplicidade das suas etapas. O que se vai dizendo, mais não é do que palpites, impressões, e, por vezes, óbvios disparates. O Ministério Público nunca avançou, no âmbito das suas competências, para essas análises, nunca soube, no mínimo, avaliar o seu próprio trabalho.
Por isso mesmo, seria expectável que figuras gradas do Ministério Público, ou tidas como tal, fossem criteriosamente mais didácticas nas suas intervenções e menos compulsivas nas suas conclusões. Há um caminho que o Ministério Público tem de fazer caminhando, mas parece que há quem prefira o imobilismo da retórica.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Séries
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Informática, liberdades
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Lopes da Mota
Conheço Lopes da Mota, por razões profissionais, há cerca de 20 anos. É um magistrado do Ministério Público com uma competência inquestionável e com um percurso exemplar ao serviço dessa magistratura. Não duvido, um momento sequer, da sua honestidade intelectual. Estas palavras não querem ser solidariedade, mas apenas preocupação pelo futuro de um Ministério Público autónomo e credível.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
sexta-feira, 1 de maio de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
Presidenciável, com certeza
sábado, 25 de abril de 2009
25 de Abril de 1968
Instrução dada pela Censura e que consta do livro de César Príncipe, Os Segredos da Censura
sexta-feira, 24 de abril de 2009
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Há mil anos já era ineficiente
A Sociedade Feudal, Marc Bloch, Edições 70
Presos e presas nos EUA
THE world’s tallest building is now in Dubai rather than New York. Its largest shopping mall is in Beijing, and its biggest Ferris wheel in Singapore. Once-mighty General Motors is suspended in a limbo between bail-out and bankruptcy; and the “war on terror” has demonstrated the limits of American military might.
But in one area America is going from strength to strength—the incarceration of its population. America has less than 5% of the world’s people but almost 25% of its prisoners. It imprisons 756 people per 100,000 residents, a rate nearly five times the world average. About one in every 31 adults is either in prison or on parole. Black men have a one-in-three chance of being imprisoned at some point in their lives. “A Leviathan unmatched in human history”, is how Glenn Loury, professor of social studies at Brown University, characterises America’s prison system.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Anarquista bolchevique
ADN`s
Fragilidades 2
terça-feira, 7 de abril de 2009
Fragilidades 1
Dessas fragilidades, sobressai a falta de coesão funcional. Parece haver muitas vozes, dissonantes; muitas informações, contraditórias; muitas diligências, inócuas. Parece que tudo se torna um sobressalto à espera das notícias da noite ou dos títulos da manhã.
Não há investigação criminal que resista a essa turbulência. Não há justiça que se dignifique e se concretize ao ser o eco de jornais e televisões. Entre o dever de investigar e a liberdade de informar, ao Ministério Público cabe aquele. O que se lhe pede é que investigue e não alimente, todos os dias, a fogueira da intriga.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Cobardes
quarta-feira, 1 de abril de 2009
terça-feira, 31 de março de 2009
O preço da aventura
O Culpado
sábado, 28 de março de 2009
Mais perplexidades
Perplexidades
Luís de Miranda Rocha
Estou aqui. Há quanto tempo,
já não sei. Minha memória,
sobre ti me reclino, o meu olhar
já tão deserto. E povoado.
Do livro As Mãos no Ar, 1976
sexta-feira, 27 de março de 2009
Corrupção
domingo, 22 de março de 2009
sábado, 21 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
Também as línguas
Racismos
Direito de Veto
domingo, 15 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
A causa das cousas
Crianças
domingo, 8 de março de 2009
3 tristes cromos
sábado, 7 de março de 2009
Verbos
Outro
sexta-feira, 6 de março de 2009
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Falta de fins
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
A crise e a segurança
Dennis C. Blair
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Darwin, 200 anos
Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e trouxe-os a Adão para ver como os chamaria; todo o ser vivo teria o nome que Adão lhe desse. E Adão deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens, mas Adão não encontrou uma auxiliar semelhante a ele.
Então o Senhor Deus fez cair um sono profundo sobre Adão. Quando este adormeceu, tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne.
Depois, da costela tirada de Adão, o Senhor Deus formou a mulher e conduziu-a a Adão.
E Adão exclamou: "Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada 'mulher' porque foi tirada do homem".
Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.
Ora, ambos estavam nus, Adão e sua mulher, e não se envergonhavam.
Génesis 2, 18-25
Primeira Leitura da Missa de hoje
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Números loucos
Mais do mesmo
A história que vier a fazer-se da investigação criminal, em Portugal, nas últimas décadas, encontrará um número significativo desses jogos. Erros processuais grosseiros, estratégias de investigação sem coordenação entre os diversos intervenientes, fugas sistemáticas de informação que parecem querer condicionar o desenvolvimento futuro das diligências, estarão lá, nessa história, sem que, infelizmente, já nada dela aproveitemos.
O que escrevi, não é novidade. Creio mesmo que reunirá algum consenso entre aqueles que habitualmente analisam estas questões. O que surpreende é que, sabendo-se tudo isso, não tenha havido as alterações estruturais que se justificariam. Ao longo dos anos da democracia, a investigação criminal tem-se mantido igual a si mesma, sem sobressaltos, seja nas suas poucas virtudes, seja nos seus múltiplos vícios. Uns e outros, à direita e à esquerda, têm preferido o imobilismo e as suas degradantes e degradadas consequências.
Neste contexto, não será ousado dizer que se criou um caldo de cultura que possibilita, facilmente, a criação de casos em que, mais do que a descoberta de factos, estão em causa desígnios que não cabem na investigação criminal. As corporações tomaram-lhe o gosto, ensaiando aí o seu poder, mas sem terem a noção de que será também aí que perderão a sua causa.
Os danos causados ao Estado de Direito têm sido incomensuráveis. Onde não há credibilidade, não há eficácia. A eficácia traduz a correcção dos procedimentos, a transparência dos propósitos e a sensatez das conclusões. Uma investigação sem credibilidade está inquinada definitivamente, seja qual for a aparência dos seus resultados. Nenhum cidadão gostaria de ser alvo de uma investigação assim. É o que presumo.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
domingo, 18 de janeiro de 2009
sábado, 17 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Ética Policial
Adenda: aqui e aqui.