terça-feira, 14 de junho de 2011
Estórias sem ADN
Tinha uns olhos azuis, literariamente celestiais. A voz, pausada, não mentia. Talvez com vinte anos, se me lembro. Ao ser-lhe perguntado sobre quem seria o pai do menino, respondeu que não queria responder. Assim se manteve, em mais duas diligências. A mãe, avó do menino, esclareceu, sem lágrimas, que a filha nada lhe tinha revelado sobre a paternidade. Tudo o que se tentou apurar depois batia nessa barreira de silêncio. O que não disse então, talvez já o tenha dito ao menino grande. Ou talvez não. Os processos acabam com um visto em correição. A vida, quase sempre, continua.