quinta-feira, 16 de junho de 2011
Estórias sem ADN
Os olhos estavam escondidos em covas fundas. De quem chorara muito, dir-se-ia. Numa voz indiferente, alheia ao mundo, foi contando a sua verdade. Tinha assim um nome que parecia estrangeiro, não se recordava. Conheceram-se na praia, uma vez. Nunca mais o viu, talvez mesmo não o reconhecesse. Estaria de passagem, era provável. A avó lamentava-se até às lágrimas, uma filha desgraçada. Não ficou às mãos do marido por que ela, a mãe, se tinha interposto. O que lhe iria custar, uma criança. Senhor doutor, arranque-lhe a verdade. Por amor de Deus. Soubesse ela que num tribunal a verdade é tão insondável quanto o são os desígnios de Deus…