sábado, 16 de março de 2013
Leituras
O único escravo que manteve-se firme em suas argumentações, que não
aceitou a acusação do furto e que não acusou os outros réus recebeu condenação
à morte. É difícil discutir aqui a participação de Maximiano no crime ou não,
mas é inegável que ele pagou caro por ousar argumentar contra aqueles que o
acusavam. Talvez, aceitando a acusação do furto, de que realmente planejou isto
para livrar-se da condição de escravo, que realmente assassinou a Maria
Cândida, sua sorte teria sido diferente. Mas não. Frente a um público sedento
para demonstrar a perversidade e incapacidade dos negros de conviver na
sociedade civilizada, ele ousou posicionar-se diante disto. Citando Cesar Mucio
Silva vemos que Maximiano ousou “perante um promotor branco, um delegado
branco, testemunhas em sua maioria brancas, escrevente branco, enfim, perante
um universo com poder totalmente nas mãos dos brancos, de leis brancas”,
afirmar sua inocência, negar a culpa que eles queriam que ele aceitasse que
tinha. (pag. 231)