É que, sempre que alguém era preso, acrescentavam-se
as denúncias e novos processos se abriam e outras prisões se seguiam. E se, nos
primeiros tempos, apenas foram presos membros da família de António da costa e
Brites da Costa, eles estavam ligados a outras famílias, que logo começaram
também a ser incomodadas. Instalou-se, assim, um ambiente de medo, denúncias e
suspeição e nenhum cristão-novo de Carção poderia dormir descansado. E, então,
antes que a Inquisição viesse prendê-los, alguns tomaram a iniciativa de irem
apresentar-se ao tribunal, confessar que tiveram práticas judaicas, pedir
perdão dessas faltas e prometer não as repetir. Certamente que isso seria
levado em conta e o castigo sempre seria menor.
E começou assim uma
verdadeira procissão de gente de Carção para Coimbra a apresentar-se na Mesa da
Inquisição. (pag. 44)