sexta-feira, 22 de março de 2013

Leituras

 
Mas eu não sou político, sou um tipo de ideias gerais. Não sou eu que as procuro, elas é que vêm ter comigo. Abro-lhes a porta, elas entram – o guarda abriu a porta, eu saí. Não este: um outro – não falei ainda disso? foi de outra vez. A prisão é uma carreira, não se atinge logo de uma vez a perfeição, agora és um homem perfeito. Decerto, a morte, oh, não armo à coragem. Saber que nunca mais, que daqui a um instante posso deixar uma palavra em meio. Mas escrevo sempre, quero dizer, falo. Revelar definitiva e clara a confusão de uma vida. Não armo à coragem, e todavia. Uma vida não tem termo, dizia-se aqui há tempos – tem. Ou seria bom que tivesse. Com princípio, meio e fim.
- Como o pensas? Tu? – pergunta-me Marta, aérea e branca,
tu que soubeste apenas a palavra de destruição?
- Deitar abaixo é fácil! – berrou-me o juiz
um tipo rude, inamovível como uma rocha, gravado a textos sagrados para toda a eternidade. Mas nada é eterno, ó bruto! que é que lhe hei-de fazer?
- Que é que o senhor quer fazer? Deitar abaixo é fácil. Estamos aqui todos para conhecer o seu programa. (pag. 41)

Explicação: Ao longo dos anos, do que leio em romances, contos, narrativas e outras invenções, tenho recolhido textos que gostaria de utilizar num trabalho sempre adiado com o título "A ficção na Justiça".